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René-Maurice Gattefossé – O Pai da Aromaterapia

Você sabe de onde vem a palavra Aromaterapia?

 

Investigar a origem e história da Aromaterapia é incrível. Saber como surgiu esta ciência poderosa e como ganhou forma enriquece nossa compreensão e nos faz entender mais o caminho que a Aromaterapia vem trilhando desde seu surgimento até hoje em dia.

Porém, investigar os acontecimentos que levaram a Aromaterapia a ser o que é hoje pode ser um caminho obscuro, especialmente em relação ao surgimento dessa ciência tal qual a conhecemos.

Por isso, trago para vocês o surgimento da Aromaterapia moderna livre de sensacionalismos. Ao contrário do que geralmente é divulgado, você vai ver que a Aromaterapia não surgiu por acidente, mas sim por todo o contexto da vida de René-Maurice Gattefossé, que ficou conhecido como o pai da Aromaterapia.

O berço aromático de René-Maurice Gattefossé

René-Maurice Gattefossé nasceu no ano de 1881, em Montchat, distrito de Lyon, na França. Terceiro de cinco filhos, desde muito jovem esteve imerso no universo dos aromas.

Seu pai, Louis, fundou em 1880 a empresa Gattefossé, representante de empresas estrangeiras de óleos essenciais, óleos de petróleo, produtos de farmácia e matérias-primas para perfumes.

A paixão pela Aromaterapia não era só do pai, Louis Gattefossé. Um dos irmãos mais velhos, Robert, estava profundamente envolvido na pesquisa de óleos essenciais, especialmente do sul da França e da ilha de Corsica. Sua influência foi notável sobre René-Maurice e Jean, seu outro irmão mais novo, que era químico e botânico.

Desta forma, René-Maurice passou toda a sua vida completamente imerso no mundo dos óleos essenciais e fragrâncias. Seus irmãos mais velhos começaram a colaborar na empresa do pai, e René-Maurice foi o próximo, depois de concluir a sua graduação em Engenharia Química na Universidade de Lyon.

As contribuições de René-Maurice Gattefossé para a Aromaterapia

Em 1907, Louis Gattefossé decide se aposentar e então os irmãos assumem o comando da empresa, juntamente com a mãe, formando a Gattefossé & Sons. O irmão mais velho, Abel, assume o comando administrativo da empresa e os demais se responsabilizam pela pesquisa das plantas aromáticas, sua composição química e suas propriedades terapêuticas.

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Mais tarde nesse mesmo ano, René-Maurice foi convidado pelo Presidente da Associação de Agricultura para pesquisar a produção de Lavanda na Alta Provença. Ele estava preocupado pois a colheita selvagem não fornecia a quantidade exigida pelo mercado da época.

Dessa forma, René-Maurice ministrou conferências e organizou plantações e destilarias, aumentando a qualidade e os preços da Lavanda. Como resultado, a qualidade de vida da população do local melhorou, o que tornou sua campanha muito bem sucedida.

Além disso, essa campanha impulsionou a própria empresa da família Gattefossé. Foi nessa época que René-Maurice aprendeu a isolar moléculas aromáticas e começou a vislumbrar os potenciais terapêuticas da Lavanda.

E a família Gattefossé não parou por aí. Os irmãos estabeleceram um jornal europeu de perfumaria, em 1908, chamado “La Perfumerie Moderne”. René-Maurice era o editor-chefe. Foi bastante popular na época e traduzido para diversos idiomas.

Em 1910, Louis Gattefossé morre. Após a morte do pai, René-Maurice passa a maior parte do ano viajando pela Europa investigando a destilação de plantas aromáticas. Nesse mesmo ano, a empresa Gattefossé & Sons expande seus negócios para a China, Indonésia e Japão.

Foi então que o dia fatídico chegou.

O famoso “Acidente” de Gattefossé

No exato dia em que seu filho Henri-Marcel nasceu, 25 de Julho de 1910, aconteceu um acidente que marcou a história. René-Maurice estava trabalhando no seu laboratório quando uma explosão aconteceu. Comentando sobre o fato anos depois René-Maurice disse:

“Na minha experiência pessoal, depois de uma explosão no laboratório ter me coberto com substâncias inflamáveis que eu extingui rolando na grama, ambas minhas mãos estavam cobertas por uma gangrena gasosa em rápido desenvolvimento. Apenas um enxágue com óleo essencial de Lavanda interrompeu a gaseificação do tecido. Esse tratamento foi seguido por uma transpiração profunda e a cura começou no dia seguinte.” Gattefossé Aromaterapia  (1937)

Muitas pessoas propagam a história de que Gattefossé teria mergulhado inconscientemente as mãos em um balde contendo óleo de lavanda. Mas qualquer Aromaterapeuta sabe que óleos essenciais não podem ficar expostos em contato com o ar pela facilidade de oxidação, e Gattefossé sabia disso.

Mesmo já sabendo parcialmente dos efeitos que o óleo essencial Lavanda teria sobre seu ferimento, o espanto de Gattefossé com a velocidade e qualidade do efeito estão presentes em seus relatos e continuaram a impulsionar as suas pesquisas.

O pesquisador incansável

Foi então que eclodiu a Primeira Guerra Mundial. Seu irmão mais velho, Abel Gattefossé, foi convocado e morreu em 1916. René-Maurice, a despeito de ser bastante míope, também serviu como motociclista. Após ser ferido em 1915, voltou para casa  passando a ajudar na guerra como engenheiro químico. Assim ele também foi capaz de retomar sua posição de editor-chefe do jornal “La Perfumerie Moderne”.

Passada a guerra, René-Maurice e seu irmão Jean escrevem um artigo para o jornal Chemist and Druggist, que foi reproduzido no The National Druggist (vol. 52, Jan/1922).

Não foi fácil encontrar este texto escrito pelo pai da Aromaterapia mais de uma década antes dele ter cunhado este termo. Mas os esforços valeram a pena e, graças à nossa tradução exclusiva, você pode acessar este conteúdo abaixo:

 

“O Valor Medicinal dos Óleos Essenciais: René-Maurice & Jean Gattefossé

O uso medicinal de óleos essenciais não é um recurso recente, desde que Mattioli, comentando sobre o trabalho de Hipócrates e Asclépio, declarou que as plantas aromáticas são as mais ativas no tratamento de doenças. Entretanto, terapeutas modernos parecem dar preferência aos produtos sintéticos, elaborado por químicos, apesar destes últimos serem incapazes de reivindicar a mesma complexidade e perfeição possuídas pelos produtos naturais extraídos das plantas. Mesmo assim, numerosas autoridades médicas de ponta já investigaram as propriedades e usos de vários óleos essenciais no tratamento de doenças infecciosas, e recentemente essa questão novamente tem sido objeto de estudos extensivos, particularmente pelo Dr. Bonnaure, Dr. Meurisse, Dr. Lestrat e Dr. Forgues.

No entanto, o que foi desconcertante para os pesquisadores foi a complexa constituição química dos óleos essenciais que, somados aos constituintes oxigenados, também contém, em variadas proporções, hidrocarbonetos, possuindo ação rubefaciente. Por exemplo, como é possível aplicar a uma ferida um óleo essencial contendo uma substância como o limoneno, cuja ação é levantar uma bolha na pele em menos de 15 minutos. Portanto, segue que o primeiro postulado é isolar os constituintes no seu estado puro, e investigar suas propriedades químicas. Os fenóis, apesar de serem potentes anti sépticos, não podem ser aplicados nas membranas mucosas por conta do seu efeito cáustico; por outro lado, a questão é levantada se os álcoois e óxidos (como o eucaliptol) devem suas propriedades às funções químicas destes compostos, ou à presença de uma pequena quantidade de terpeno, como o aromadendreno, que aparentemente é o constituinte mais ativo no óleo de eucalipto.

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Todas as investigações realizadas por nós parecem mostrar que o eucaliptol (N.T.: 1,8-cineol), o antisséptico aromático mais extensamente utilizado, é um dos menos ativos, e que o geraniol, linalol e seus ésteres naturais são infinitamente mais ativos. Varennes & Piot demonstraram que o anetol age como um antisséptico para as passagens respiratórias, e enquanto exibe um pronunciado efeito antisséptico, é eliminado por elas, e não pela urina. É evidente que muito trabalho ainda precisa ser feito investigando óleos essenciais, e no curso dos nossos estudos nós já descobrimos algumas combinações que produziram resultados promissores em casos especiais.

Assim a combinação salvona se provou efetiva no tratamento da influenza e da febre amarela, e se mostrou superior como um antisséptico do que o eucaliptol, niaouli, etc. Óleo de Lavanda Estóica deterpenado forneceu excelentes resultados no tratamento de úlceras (Dr. Marchand). Em atrol, uma combinação de Tomilho Selvagem e Pinheiro, nós encontramos um remédio valioso para o tratamento da doença mão-pé-boca. Tomilho Selvagem tem sido usado por um longo tempo por camponeses em doenças do gado, mas o óleo essencial de tomilho não poderia ser usado da mesma maneira, devido a ação cáustica exibido pelo seu conteúdo de fenol e terpeno.

Tratamento com afrol é realizado lavando os pés do gado afetado algumas vezes com uma solução de 20%, enquanto uma solução de 10% é utilizado para limpar a boca. Para a desinfecção geral da fazenda, uma solução fraca de 1,5% é suficiente para proteger o progresso da epidemia.

É imperativo que cientistas de todos os países devam colaborar nesta área de pesquisa, e tornar os resultados alcançados mais conhecidos. Nossos próprios laboratórios estão perseguindo estas investigações com o máximo zelo, e aqueles homens da medicina que estão colaborando conosco estão altamente satisfeitos com os resultados obtidos até o momento. Ficaremos satisfeitos em entrar em relação com qualquer associação que deseje prosseguir a mesma linha de trabalho de investigação.”

 

Muito mais que um pesquisador, um legado.

Nos anos seguintes, a empresa Gattefossé & Sons continuou a se diversificar. Adicionaram linhas de produtos para cosméticos, perfumes sintéticos, inseticidas e mais. Além do trabalho na empresa, René-Maurice continuou a escrever livros e artigos sobre os usos terapêuticos dos óleos essenciais. Assim, acabou atraindo vários médicos para colaborar nesta pesquisa.

Foi em algum ponto durante estes anos que René-Maurice começou a usar a palavra Aromaterapia. O termo representava um novo conceito na utilização dos óleos essenciais. Seu filho, Henri-Marcel se juntou à empresa em 1932, tendo estudado também engenharia química.

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A culminação da pesquisa sobre óleos essenciais de René-Maurice se deu em 1937 com a publicação do livro intitulado “Aromaterapia”. O livro continha observações clínicas feitas por diversos médicos. Ele escreveu uma segunda edição deste trabalho em 1942. Esta edição nunca foi publicada devido aos antibióticos terem ganhado proeminência na época. No final dos anos 40 ele comprou uma propriedade com a intenção de cultivar plantas aromáticas como alecrim, tomilho e lavanda, criando um jardim botânico para a destilação de óleos essenciais puros sem pesticidas.

Seu último livro, “Formulary of Perfumery and Cosmetology” foi publicado pela primeira vez em 1950, antes da sua morte. René-Maurice faleceu subitamente em 1950, enquanto visitava seu irmão Jean no Marrocos. Seu filho Henri-Marcel deu prosseguimento com a empresa da família que funciona até hoje.

René-Maurice Gattefossé viveu por 70 anos, mas seu legado está mais vivo que nunca. Cada aromaterapeuta é um representante de sua linhagem. Cada cura proporcionada pelos óleos essenciais carrega em si um pouco da sabedoria, genialidade e trabalho duro de toda a família Gattefossé.

Essa é mais uma razão para que nós, Aromaterapeutas, honremos nossa vocação com estudo, dedicação e responsabilidade, colaborando a cada dia para a cura das pessoas ao nosso redor.

 

A HISTÓRIA DE RENÉ É A PROVA DE QUE A AROMATERAPIA É UMA CIÊNCIA INOVADORA E TRANSFORMADORA. ELA É, EM SI, A MEDICINA DO FUTURO.

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Referências bibliográficas:

http://roberttisserand.com/2011/04/gattefosses-burn/

https://oilwellessentials4health.wordpress.com/2016/02/02/the-real-story-of-rene-maurice-gattefosse-essential-oils-during-the-past-century-part-ii/

https://www.amazon.com/National-Druggist-52/dp/1279409193

https://www.amazon.com/Gattefosses-Aromatherapy-First-Book/dp/0852072368/

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André Ferraz

André Ferraz

Cérebro e coração por trás da iQuilibre, sou apaixonado por Aromaterapia, Psicologia, Espiritualidade, Ciência e Expansão da Consciência. Meu sonho é ter um Aromaterapeuta em Cada Lar!
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